Terceira Ordem da Sociedade de São Francisco de Assis (TSSF)
Região do Brasil - TSSF Brasil
A série Notas de Formação destina-se aos formandos da TSSF para estimular a conversação e a reflexão entre os companheiros de formação, seja em grupo ou individualmente com um companheiro espiritual ou sacerdote. Para obter o máximo dessas Notas, mês-a-mês, aconselhamos anotar suas reflexões pessoais em um diário.
Nesta postagem no blog Claras e Franciscos segue a Lição 8
Desejamos a todos e todas uma boa leitura.
Lição 8:
Personalizando a Regra Básica da Vida dos Princípios:
O Primeiro Objetivo: fazer com que nosso Senhor seja conhecido e amado em todo lugar (Dias 5-6)
Nós exploramos o primeiro dos objetivos da Ordem, que nosso Senhor seja conhecido e amado em todos os lugares, que lemos nos dias 5 e 6 dos Princípios. São Francisco no mundo, e Santa Clara no claustro, praticaram um evangelismo tão atrativo que continua em nossos dias. O que podemos aprender deles para que nós também possamos ser evangelistas florescentes?
Começando a explorar
1. Quem é Jesus para você?
2. Além de Francisco ou Clara, pense em uma pessoa, histórica ou atual, que é um exemplo de testemunho cristão no mundo. O que tem essa pessoa que faz dela uma forte testemunha? Que qualidades você admira nela?
3. Pense num momento em que você compartilhou sua fé com alguém. O que motivou você a fazê-lo? Como foi recebido? O que essa experiência ensinou sobre o que fazer ou dizer e o que não fazer ou dizer quando evangelizar?
Da Regra Básica para Postulantes
O Primeiro Objetivo: fazer com que nosso Senhor seja conhecido e amado em todo lugar: Dedicarei tempo cada dia olhando minha vida à luz do exemplo e ensinamentos de Cristo e agindo em conformidade. Serei sincero sobre minha fé cristã com aqueles que conheço. Tentarei encarnar o Evangelho em todo momento e em todo lugar, em palavras e ações, lembrando que como eu me comporto e o que eu digo na mercearia é tão consequente quanto o que eu digo e faço no trabalho, em casa, na diversão e na igreja. (Dias 5-6)
Aprendendo com as Fontes Francisclarianas
Francisco e o lobo de Gubbio
Um lobo feroz estava hostilizando a cidade de Gubbio, não muito longe de Assis. Tudo começou quando algumas ovelhas começaram a desaparecer às altas horas da noite. Então, o lobo tornou-se mais ousado e começou a roubar ovelhas em plena luz do dia. Por fim, começou a gatear-se para a aldeia mesma. Alguns dizem que ele devorou crianças pequenas que o voltaram para casa quando suas mães as chamavam.
Os cidadãos de Gubbio estavam com medo, muito medo. Eles estavam especialmente com medo de deixar as muralhas da cidade e permitir que seus filhos brincassem nos campos. São Francisco já era bem conhecido, então quando alguém ouviu falar que estava perto de Gubbio, os aldeões enviaram mensageiros para pedir ajuda.
Quando São Francisco alcançou a caverna ao lado de fora das muralhas da cidade, o lobo correu até ele grunhindo, uivando e espumando na boca. Francisco cruzou-se, e com isso o lobo parou, rosnando e mostrando os dentes.
Armando-se de coragem, São Francisco começou a repreender o lobo: "Como tu ousas me assustar assim?" O lobo encolheu os ombros, enfiou a cauda entre as pernas e gemeu.
Francisco imediatamente mudou de opinião. "Oh, irmão lobo," disse. "Quem sou eu para te repreender, uma das criaturas de Deus? Tu apenas fazes o que foste feito para fazer. Quando estás com fome, deves comer, vives de acordo com as leis de Deus, as leis da natureza."
O rosto de São Francisco iluminou-se com inspiração. Ele disse ao lobo: "Eu vou fazer contigo um acordo! O povo de Gubbio irá alimentá-lo para que nunca mais fiques com fome; em troca, tu não vais prejudicar as pessoas desta cidade." Ele acrescentou: "E por tua vez, protegerás essas pessoas gentis, guardando sua aldeia à noite ".
Embora os aldeões duvidaram desse acordo, quando viram o lobo colocar sua garra na mão de São Francisco, todos concordaram.
A partir desse dia, os cidadãos de Gubbio alimentaram o lobo com os restos de comida, e o lobo protegia a aldeia. Quando, depois de muitos anos, o lobo morreu, os moradores choraram e ergueram uma estátua de São Francisco e o Lobo na praça principal como lembrete do poder do amor corajoso mesmo diante do inimigo mais feroz. —Atos 23
Clara sobre o amor para Deus
Contempla, além disso, as inefáveis delícias, as suas eternas riquezas e honras e exclama suspirando, plena de anseios e com profundo amor:
Atrai-me a Ti
e correrei ao odor dos teus perfumes,
ó celeste Esposo.
Correrei sem desfalecer,
até que me introduzas na sala do festim,
até que a minha cabeça
repouse sobre a tua mão esquerda,
e a tua direita me abrace com ternura
e me beijes com o ósculo suavíssimo da tua boca. (4CCL28-32)
Uma Leitura de Os Princípios
Dia Seis – O Primeiro Propósito (continuação)
O propósito principal dos terciários e das terciárias é, portanto, tornar Cristo conhecido. Isso molda nossas vidas e atitudes de modo que reflitam a obediência daqueles a quem Nosso Senhor escolheu para estar com Ele, sendo enviados como suas testemunhas. Como eles, os terciários e as terciárias, pela palavra e pelo exemplo, testemunham a Cristo em seu próprio ambiente imediato de vida, e oram e trabalham para o cumprimento de seu mandamento de fazer discípulos de todas as nações.
Explorando mais a fundo: O primeiro objetivo
Os Franciscanos da Terceira Ordem na Comunhão Anglicana têm três objetivos derivados dos exemplos de São Francisco e Santa Clara. O primeiro é tornar nosso Senhor conhecido e amado em todo lugar.
Na Portiuncula, em 1208, Francisco escutou o chamado para pregar a penitência e a conversão, fazendo a missão de pregar um comando ordenado por Deus. Essa missão foi legitimada quando o Papa Inocêncio III deu aos frades um mandato para pregar. Isso permitiu que Francisco e os irmãos pregassem em nome da Igreja e exercitassem a sua missão além da diocese de Assis. Espalhar o Evangelho foi a missão dos frades, central a sua Regra, e demonstrou lealdade à Igreja.
Santa Clara, parceira de Francisco, também pregava a penitência e conversão, não nas ruas mas sim dentro do claustro, demostrando que não é preciso ser andadeira, ou estar lá fora no mundo, para cumprir o mandato de Deus. Clara e o monge trapista americano Thomas Merton (1915-1968) nos mostram que a vida solitária e contemplativa permite que possamos estar espiritualmente em todo o mundo enquanto permanecemos fisicamente num só lugar. A passagem citada de Clara revela que, embora virgem e casta, ela sabia muito bem que as imagens do amor carnal podem expressar em alto grau o amor celestial. (O Cantar dos Cantares do Antigo Testamento é um exemplo bíblico, e de fato ela o usava de padrão.) Santa Clara viveu o chamado do evangelho ao exercer uma vida de pobreza, oração y trabalho manual dentro do claustro, mas o amor e a alegria expressados por sua comunidade não podiam ser contidos. O Papa Inocêncio IV reconheceu isso ao aprovar a Regra de Clara em 1253. O exemplo das Damas Pobres emana sua doce fragrância ao mundo além dos limites da geografia e do tempo.
Do mesmo modo, os franciscanos seculares visam viver uma vida ordinária entre gente ordinária enquanto seguem simultaneamente uma regra de vida que resista o mundo e convide outros para a conversão. Nós atraímos outros a Cristo, saudando todos os que encontrarmos com mãos e corações abertos, e encorajamos todos a crescerem no Espírito. Somos uma comunidade diversa de todos os caminhos e modos de vida, ativos e contemplativos, espalhados por todo o mundo, que pregam, oram e trabalham pela Unidade do Corpo de Cristo.
Primeiro, conheça e ame o Senhor você mesmo
Esta lição das Notas de Formação começou com a pergunta, "quem é Jesus para você?" Por quê? Porque, para compartilhar nosso Senhor com os outros, devemos primeiro saber quem é o Senhor para nós mesmos. Não há resposta certa ou errada; Jesus pode assumir uma série de papéis diferentes para nós, amigo íntimo, amante, salvador, Deus, professor, curador, em diferentes pontos de nossas vidas, mas é essencial saber quem ele é no mais íntimo de nosso coração, se formos compartilhar quem ele é com os outros. Ninguém nos ensina melhor que Santa Clara que a primeira pessoa a quem você deve fazer conhecer e amar é você.
Experimente com parafrasear o objetivo, para tornar meu [amigo / amante / professor] conhecido e amado. Cada papel lança uma luz diferente sobre quem e como compartilhamos nosso Senhor. Por exemplo, se usarmos amigo, posso passar para outros quem meu amigo é e por que eu o amo. Meu relacionamento com meu amigo afetou profundamente minha vida e a maneira como eu me vejo a mim e aos outros. No tempo que cultivei o relacionamento com meu amigo, compartilhamos várias experiências, boas e más, engraçadas e tristes, divertidas e difíceis. Aprendi que não é arriscado ser eu mesmo com meu amigo, e que meu amigo vai me amar, seja o que for, se eu brilhar ou se eu falhar miseravelmente. Embora meu amigo conheça meus segredos mais profundos e os recessos mais sombrios da minha alma, não há nada em mim nem sobre mim que fará meu amigo afastar-se. E isso é motivo de gritar desde os telhados com alegria!
A Missiologia de São Francisco
Como trovador de Deus, São Francisco não queria nada além de compartilhar com o mundo inteiro a fonte de sua grande alegria e coração embebido de amor. Mas compartilhar seu Senhor com outros raramente era fácil e às vezes causava ridículo ou, pior, pancadas. Compreendendo o desafio, São Francisco desenvolveu uma estratégia para fazer com que o Senhor fosse conhecido e amado. Ele aprendeu a eficácia desta estratégia mais profundamente quando ousou, com sua vida, visitar o Sultão do Egito em 1219, durante a Quinta Cruzada. As forças cristãs estavam envolvidas em um prolongado cerco da cidade portuária de Damietta, à frente do Nilo. Horrorizado com a chacina que ele estava presenciando, e contra os desejos de seus superiores, Francisco cruzou linhas inimigas com um companheiro, armado apenas com amor. Sua missão? Converter o sultão, Malik al-Kamil, líder do exército oponente, segundo as histórias um déspota cruel que cortava as cabeças de cativos. Francisco não converteu o Sultão, mas ganhou o respeito, mesmo a amizade de Malik, que o deixou ir depois de três dias. Assim como na história do lobo de Gubbio, Francisco conseguiu compartilhar o amor de Deus com o mais espantoso "inimigo".
A estratégia de São Francisco para a missão é tripla:
1.Os missionários devem viver pacificamente e solidariamente com o outro. Devemos reconhecer a fraternidade e a irmandade de todos os povos porque compartilhamos um Pai que ama e nos recebe a todos.
2.Os missionários devem ser construtores de pontes ao exercer uma vida de serviço, a Diakonia, como exemplificado por Jesus, que tomou uma toalha e lavou os pés de seus discípulos.
3.Somente quando apropriado devem os missionários exercitar o kerigma, é pregar o Evangelho e chamar pessoas para a conversão.
A missiologia de Francisco pode ser resumida por suas palavras que atualmente estão ganhando fama: "pregar o evangelho sempre; quando necessário usar palavras". Isso significa que nosso comportamento diário é importante.
Francisco aconselhou seus irmãos que havia apenas uma maneira de alcançar seu modo de fazer missão, e isso era aceitar e celebrar o amor de Deus em si mesmo e no próximo. Então, onde há alienação, encontraremos reconciliação; onde há separação, faremos conexões; e em vez de isolamento e solidão, teremos comunidade.
Ação ministerial
As histórias de São Francisco compartilhando o amor de Deus com o lobo de Gubbio e com o Sultão nos mostram que o objetivo de fazer nosso Senhor conhecido e amado em todos os lugares não é um ideal abstrato, mas sim essencial para encarnar o Reino de Deus em nosso mundo quebrado e sofredor .
1.Pratique o ver os outros como criados por Deus. Quando você se encontra frustrado com fazer fila ou com o tráfego ou com pessoas que não saem da frente, tente mudar sua atitude para ver os outros como membros do Reino de Deus. Tente amá-los, seja apenas um pouco.
2.Escolha uma pessoa em uma multidão que parece precisar de ajuda, talvez uma mãe com crianças pequenas que poderia ocupar o seu lugar na fila, ou alguém desesperado pelo lugar de estacionamento que você está prestes a tomar, ou um idoso carregando sacolas pesadas ... e ofereça ajuda.
3. Observe um momento em uma conversa quando você poderia compartilhar seu amor a Deus. Aproveite o momento e fale a essa pessoa sobre o que Deus fez por você em sua vida.
Para Reflexão:
1.Pense em um momento em que você se confrontou com uma pessoa difícil. Como você respondeu? Como a lembrança do amor de Deus, para ti e para o outro, poderia ter mudado sua resposta?
2, Depois de oferecer ajuda a um desconhecido (# 2 da ação do ministério), como o estranho respondeu? Como isso fez você se sentir? Lembrou-se de agradecer a Deus pela oportunidade?
3. Descreva um momento em que você compartilhou seu amor a Deus com alguém. Parecia arriscado? Como essa pessoa respondeu? Isso levou a um resultado surpreendente? Explicar.
Personalize sua Regra
Depois de lidar com esta lição, quais mudanças ou adições você pode fazer a 2. O Primeiro Objetivo, para tornar nosso Senhor conhecido e amado em todos os lugares, da Regra Básica da Vida (ou para 9. Obediência se você estiver vivendo pela tradicional regra de 9 pontos) para torná-la mais adequada às suas circunstâncias particulares? O que você precisa fazer para divulgar o conhecimento e o amor de Deus? Discuta com seu companheiro espiritual.