quinta-feira, 12 de julho de 2018

Notas de Formação - Lição 10

Notas de Formação
Terceira Ordem da Sociedade de São Francisco de Assis (TSSF)
Região do Brasil - TSSF Brasil

A série Notas de Formação destina-se aos formandos da TSSF para estimular a conversação e a reflexão entre os companheiros de formação, seja em grupo ou individualmente com um companheiro espiritual ou sacerdote. Para obter o máximo dessas Notas, mês-a-mês, aconselhamos anotar suas reflexões pessoais em um diário.

Nesta postagem no blog Claras e Franciscos segue a Lição 10
Desejamos a todos e todas uma boa leitura.


Lição 10: Personalizando a Regra Básica da Vida
Dos Princípios: 4. O Terceiro Objetivo, viver simplesmente 
(Dias 10-12)

O que há neste estudo?
           
Nós exploramos o terceiro dos objetivos da Ordem, para vivermos simplesmente, o que lemos nos Dias 10, 11 e 12 nos Princípios. Nossos fundadores São Francisco e Santa Clara deram tudo o que tinham para a vida do Evangelho sem contar o custo. Seu único desejo era responder de todo o coração ao amor de Deus e o resultado era viver simplesmente.

Começando a explorar 
1. Que pessoa contemporânea vem à mente quando você pensa em viver simplesmente. Por quê?
2. Como se apresenta a complexidade em sua vida? Como você pode começar a simplificar?
3. Quais para você são sinais de que você aceita em espírito o desafio de Jesus de vender tudo, dar aos pobres e segui-lo? 

Da Regra Básica para Postulantes

4. O Terceiro Objetivo: viver simplesmente: Como Francisco e Clara, procurarei me contentar em qualquer e toda situação, esteja satisfeito ou com fome, seja em abundância ou em carestia. Eu viverei dentro da minha renda, lembrando que não é importante ter muitas coisas. Cultivarei um hábito de partilha e generosidade, especialmente para apoiar a comunidade francisclariana, a minha igreja local e aliviar o sofrimento e as dificuldades dos outros. Procurarei viver uma vida simples, respeitar o meio ambiente, manter a sustentabilidade e a alegria; e também reconhecer aqueles momentos em que "o que é" não pode ser alterado e simplesmente aceitar minhas limitações. (Dias 10-12)

Aprendendo com as Fontes Francisclarianas

Francisco ouve a forma de vida evangélica e procura imediatamente cumpri-la
Pois, ao assistir, devoto, num certo dia, a Missa dos Apóstolos, a leitura do Evangelho era uma passagem em que Cristo dá aos discípulos, a serem enviados a pregar, a forma  evangélica de viver, a saber, que não possuem ouro ou prata, nem dinheiro no cinto, nem alforje na estrada, nem duas túnicas, não usem calçado nem bastão. Ouvindo, compreendendo e gravando na memória as palavras, o amigo da pobreza apostólica logo se encheu de uma alegria indescritível. "É isto”, disse, “que desejo, é isto que aspiro, com todas as fibras do coração!" Desatou, a seguir, os sapatos dos pés, depõe o bastão, abomina bolsa e dinheiro e, satisfeito com uma única túnica, rejeita o cinto e toma uma corda por cíngulo, pondo todo o cuidado do coração em como pôr em prática, o que ouviu, em unir-se em tudo á Regra da retidão.
São Boaventura, A Legenda Maior, 3: 1.

Santa Clara exorta suas irmãs, presentes e futuras, à santa simplicidade
Admoesto e exorto no Senhor Jesus Cristo, todas as minhas Irmãs, que estão e que vierem, para que sempre se empenhem em imitar o caminho da santa simplicidade, humildade e pobreza e também da honestidade da santa conversação, assim como no início de nossa conversão fomos ensinadas por Cristo e pelo nosso beatíssimo pai Francisco.
É dessas coisas — não por nossos méritos — mas só pela misericórdia e graça do doador, que o próprio Pai das misericórdias, espalhou o odor da boa fama, tanto para os de perto como para os de longe. E, amando-vos umas às outras, a partir de caridade de Cristo, o amor que tendes dentro demonstrai-o por meio de obras, para que assim, provocadas por esse exemplo, as Irmãs cresçam sempre no amor de Deus e em mutua caridade.                                                                                                      
—O Testamento de Santa Clara, 17

Um estudante e uma andorinha
Na cidade de Parma, um estudante, de boa índole, querendo estudar, com diligência, junto com outros companheiros, viu-se infestado, pelo alarido importuno de uma andorinha; começou, então, a dizer aos companheiros: “Esta andorinha é uma daquelas que molestavam o homem de Deus, Francisco, quando certa vez, pregava, até que lhes impôs silêncio.” E, virando-se para a andorinha falou com confiança: “Em nome do servo de Deus, Francisco, ordeno-te que, vindo a mim, fique calada imediatamente.” E ela, ouvindo o nome de Francisco, como que instruída pela disciplina do homen de Deus, não só logo se calou, como entregou-se-lhe às mãos, como se fossem uma segura proteção. Espantado, o estudante, logo, restituiu-a liberdade e já não lhe escutou os gritos.
                                                                                  São Boaventura, A Legenda Maior, 12: 5
Uma Leitura de Os Princípios


Dia Dez – O Terceiro Propósito Viver em simplicidade
Os primeiros cristãos entregaram-se completamente a Nosso Senhor e resolutamente deram tudo o que tinham oferecendo ao mundo uma visão nova de uma sociedade na qual existe uma atitude despojada com respeito às posses materiais. Esta visão foi renovada por São Francisco quando escolheu à Senhora Pobreza como sua noiva, desejando que todas as barreiras erguidas pelos privilégios baseados na riqueza fossem derrubadas pelo amor. Esta é a fonte de inspiração para o terceiro propósito da Ordem: viver em simplicidade.

Explorando mais a fundo:

O Terceiro Objetivo
Simplicidade é definida como um estado de ser, sem complicações e sem pretensão. Seu oposto é a complexidade. Um e o mesmo objeto pode ser visto de qualquer maneira, embora não simultaneamente, pois não está no objeto visto, mas no espectador. Considere esta passagem do discurso de 1846 do filósofo dinamarquês Søren Kierkegaard, “Pureza de coração é querer uma coisa.”

Quando uma mulher faz um pano de altar, tanto quanto ela é capaz, ela torna cada flor tão linda quanto as flores graciosas do campo, até onde ela é capaz, cada estrela tão brilhante como as estrelas brilhantes da noite. Ela não retém nada, mas usa as coisas mais preciosas que possui. Ela vende todas as outras alegações sobre sua vida que ela pode comprar o momento mais ininterrupto e favorável do dia e da noite para ela uma só, por seu trabalho amado. Mas quando o pano é acabado e colocado em seu uso sagrado: então ela fica profundamente angustiada se alguém cometer o erro de olhar para sua arte, em vez do significado do tecido.

Foi assim que São Francisco e Santa Clara foram assimilados do fundo de seus pés ao topo de suas cabeças. Eles ordenaram suas mentes e corações focalizando o Evangelho. Eles desejavam em primeiro lugar o Amor de Deus, e nessa vida simples todas as suas necessidades foram satisfeitas. Viver simplesmente é um valor franciscano fundamental porque nos chama a nos concentrar no que é importante, que tudo o que fazemos é feito pelo Amor de Deus. É a única coisa necessária.
           
A simplicidade é uma postura de mãos abertas: mãos abertas prontas para liberar o que preferirmos agarrar, mãos abertas prontas para receber o presente que nos espera; mãos abertas prontas para soltar os gritos da mente, mãos abertas prontas para receber o sussurro do coração. Não importa quantas as posses que temos; importa se estamos possuídos pelo que temos ou não temos. O foco é cultivar a disposição do que o teólogo quacre Richard J. Foster chama de "uma vida de alegre despreocupação por posses". Tal disposição levará a ações e comportamentos de viver simplesmente. Francisco não se propôs a simplificar sua vida, ele começou a amar a Deus de todo o coração. O resultado foi simplicidade.

Viver simplesmente é resultado de nossa compreensão cada vez mais profunda de nossa dependência final de Deus e uns dos outros. A simplicidade ,,,
    Liberta a ilusão do "eu" e recebe o dom do "nós".
    Celebra a beleza, a santidade e a bondade de toda a criação.
    Praticar "menos é mais".
    Não tem nada a provar e nada para proteger.
    Tem espaço amplo o suficiente para abraçar todas as partes do seu ser.
    Reconhece que tudo, tudo é um presente de Deus.
    Nos torna instrumentos de paz.
    Recebe o Cristo com liberdade para amar e servir como Cristo nos amou e serviu.

 Como passamos do querer nos esforçar e focalizar no Amor de Deus, enquanto ao mesmo tempo, vivemos plenamente no mercado? Eu-primeiro! Jeito-meu! e Eu-quero! são mestres poderosos e inteligentes. Nós não podemos superá-los sem a ajuda de Deus. Então, nós começamos lá, nós admitimos nosso desamparo e nos engajamos em práticas que criam espaço para o Espírito trabalhar em nós. Tais práticas podem ser tão únicas quanto cada um de nós, mas o propósito é compartilhado, para passar da ambição para a conscientização. Uma técnica honrada pelo tempo é a meditação.

Meditações para acalmar a mente e ouvir o coração
A meditação nos ajuda a deixar de lado a ambição cultivando a autoconsciência. Ajuda-nos a libertar o mundo e a receber amor. Ajuda-nos a fazer amizade com a mente que grita, a parar de tagarelar para que possamos ouvir os sussurros do nosso coração. Oferecemos o método contemplativo de Santa Clara na lição 5 e os métodos de auto-entrega nas lições 7n e 8. Pode valer a pena visitá-los novamente. Ou tente:

Uma meditação de mãos abertas:
Você pode praticar essa meditação simples de 5 a 30 minutos.

Fique confortável em seu corpo, sente-se erguido, mas relaxadas, sinta a firmeza de seus pés tocando o chão e suas nádegas em sua almofada ou cadeira. Observe sua respiração. É rápido e superficial? lento e profundo? Não tente controlá-la, apenas note. Feche os olhos enquanto continua a observar a respiração. Resumidamente, verifique o seu corpo quanto a lugares tensos, como ombros ou pescoço. Deixe de lado qualquer tensão que encontrar.

O jesuíta indiano Anthony de Mello (1931-1987) disse uma vez que a meditação é mais parecida com a observação de pássaros do que com o treinamento de cães. Na meditação, nos interessamos e nos deleitamos em observar nossas mentes; nós não julgamos, treinamos ou tentamos treiná-los.

Ouça os sons ao seu redor. Não os nomeie, simplesmente ouça. Agora abra suas mãos e deixe-as descansar em uma posição relaxada e aberta. Observe quando você abre as mãos a liberação sutil de sua mente. Nossos corpos e mentes são um só! Se abrirmos em um lugar, vamos abrir em outro. Passe algum tempo assistindo: sua respiração, seus pensamentos se agitando, aqui em todo lugar. Volte a verificar os pontos tensos, solte-os.

Retorne seu foco para suas mãos. Imagine um pássaro pousar em uma de suas mãos. Assista. Que tamanho é ele? Cabe na sua mão? Qual é a sua cor? Brilhante? Monótona? Qual a sensação de suas garras contra a sua pele? O pássaro está relaxado ou está batendo ou bicando? Como você se sente ao ter um pássaro na mão? Não há maneiras certas ou erradas de sentir; nós estamos simplesmente percebendo. Você quer segurar ou acariciar o pássaro? Mas é selvagem e livre, sua presença é puro presente. Observe quando ele voa para longe. Como a partida faz você se sentir? Está pairando nas proximidades ou voando fora da vista? Talvez haja outros pássaros por perto. Observe sua mão, agora vazia. Lembra a sensação do pássaro? Quer segurar mais ou é feliz em descansar a mão aberta e vazia?

Sente-se em silêncio por um tempo, observando, ouvindo. Você pode querer verificar as suas mãos de tempos em tempos. Talvez você descubra que está segurando algo. Deixe ir. Talvez o pássaro tenha voltado, desta vez com um presente. O que é isso? Que sentimentos surgem ao recebê-lo? Não importa se você gosta ou não, é um presente. Agradeça ao pássaro pelo presente e deixe-o ir. Quando estiver pronto, volte ao seu hálito, observe três respirações completas, dê graças pela oportunidade de observar a ave e a mente e abra os olhos.

Praticando essa meditação simples, você pode aprender a autoconsciência necessária para se segurar quando estiver se apegando ou desejando a qualquer momento durante o dia. Quando você se apegar, respire fundo e literalmente abra as mãos para deixá-lo (seja o que for: uma coisa, uma ideia, uma necessidade de estar certo) ir sem julgamento.

Ação ministerial: A Oração de Paz de São Francisco
Nota: O texto atual da Oração de Paz atribuída a São Francisco é originário de uma pequena revista religiosa chamada La Clochette, publicada na França em 1912. A oração foi publicada anonimamente, mas muitos acreditam que o fundador da revista, padre Esther Bouquerel, seja o autor. Se São Francisco não escreveu a oração não diminui seu valor para nós que desejamos viver uma vida de simplicidade e paz.

E se, em vez de cantar ou orar a oração de paz, você desejasse realmente se tornar um instrumento da paz de Deus? E esse desejo é tão forte que você se propõe a fazer a oração, pouco a pouco, dia após dia? Como isso pode parecer? Vamos tentar...

Cada dia rezar: Senhor, faze de mim um instrumento de tua paz.
Toca-me Senhor, toca-me como se eu fosse instrumento musical, faz de mim instrumento para a canção do céu aqui na terra.
Então, todos os dias da semana, concentre-se em uma área:
Segunda-feira: Quando encontro ódio, como posso semear amor hoje?
Terça-feira: Quando encontro ferimentos, como posso semear hoje o perdão?
Quarta-feira: Quando encontro dúvidas, como posso semear a fé hoje?
Quinta-feira: Quando encontro desespero, como posso semear a esperança hoje?
Sexta-feira: Quando encontro a escuridão, como posso semear a luz hoje?
bado: Quando encontro tristeza, como posso semear alegria hoje?

Domingo: Agradeça pelas vezes que Deus faz de você um instrumento de paz, conhecido e desconhecido por você.

Quando estiver pronto, dê um tema para cada semana também:
Semana 1: Ó Mestre Divino, Conceda que eu não busque tanto essa semana
ser consolado quanto consolar.
Semana 2: Ó Mestre Divino, Conceda que eu não busque tanto essa semana
ser entendido quanto entender;
Semana 3: Ó Mestre Divino, Conceda que não busque tanto esta semana
ser amado quanto amar.
Semana 4: Senhor, obrigado por me ajudar a dar, como fui doado;
obrigado por me ajudar a perdoar, pois fui perdoado;
obrigado por me ajudar a morrer por amor a você, que amou e morreu por mim.

Para Reflexão:
1.De que ou de quem depende sua felicidade? O que você tem que faria com que você se sentisse aniquilado se fosse perdido ou quebrado?
2.A que auto-imagem você precisa se render? Como o espírito de simplicidade lhe liberta?
3. De que maneiras você notou que Deus lhe usou como um instrumento de paz?

Personalize sua Regra       
Depois de lutar com esta lição, que mudanças ou acréscimos você pode fazer para o ponto número 4? O Terceiro Objetivo, para viver simplesmente, da Regra Básica da Vida (ou para 7. Simplicidade se você está vivendo pela regra tradicional de 9 pontos) para torná-la mais adequada às suas circunstâncias particulares? O que você precisa fazer para viver de maneira mais simples? Discuta com seu companheiro espiritual.



Nenhum comentário:

Postar um comentário