Notas de Formação
Terceira Ordem da Sociedade de São Francisco de Assis (TSSF)
Região do Brasil - TSSF Brasil
A série Notas de Formação destina-se aos formandos da TSSF para estimular a conversação e a reflexão entre os companheiros de formação, seja em grupo ou individualmente com um companheiro espiritual ou sacerdote. Para obter o máximo dessas Notas, mês-a-mês, aconselhamos anotar suas reflexões pessoais em um diário.
Nesta postagem no blog Claras e Franciscos segue a Lição 09
Desejamos a todos e todas uma boa leitura.
Lição 09: Personalizando a Regra Básica da Vida
Dos Princípios: 3. O Segundo Objetivo, espalhar o espírito de amor e harmonia (Dias 7-9)
O que há neste estudo?
Nós exploramos o segundo dos objetivos da Ordem, espalhar o espírito de amor e harmonia, que lemos nos dias 7, 8 e 9 nos Princípios. São Francisco no mundo, e Santa Clara no claustro, responderam ao amor de Deus ao amar o mundo. Eles seguiram o segundo maior mandamento, amar seus vizinhos como eles mesmos. Como o seu exemplo nos ensina a ser amantes e pacificadores neste mundo quebrado?
Começando a explorar
1. Como você abre seu coração e mente para uma nova maneira de pensar? Explique uma prática específica que possa ser útil para abrir os olhos.
2. Quando você ouve a palavra "castidade," o que vem à mente? Existe mais que uma maneira de entender o termo?
3. Leia Mateus 25: 35-36 que nomeia 6 das 7 obras de misericórdia corporais (a 7a é encontrada em Tobias 1: 17-19). Qual das obras é mais atraente para você praticar? Qual é uma luta?
Da Regra Básica para Postulantes
O Segundo Objetivo: espalhar o espírito de amor e harmonia: A vida evangélica exige que eu ouça e seja aberto a repensar minhas posições, abraçar a mudança, e procurar perdão onde eu fiz mal. Portanto, receberei a ação do Espírito Santo que me inspira a ser gentil, estar atento ao meu privilégio e egoísmo e opor-me à injustiça. Eu procurarei maneiras de praticar a inclusão, especialmente com os mais marginalizados. (Dias 7 a 9)
Aprendendo com as Fontes Francisclarianas
Como a Francisco lhe foi recusada a misericórdia
Chegando a um mosteiro, passou muitos dias na cozinha como servente, vestido apenas com uma túnica vil, contentando-se com um pouco de caldo. Mas ninguém teve pena dele e não conseguiu sequer alguma roupa velha. Por isso, levado, não pela raiva, mas pela necessidade, saiu dali e foi para a cidade de Gúbio, onde conseguiu uma túnica com um de seus antigos amigos. Pouco tempo depois, quando a fama do homem de Deus cresceu e o seu nome se espalhou no meio do povo, o prior daquele mosteiro, lembrando-se do que fora feito para Francisco e se arrependendo, procurou-o e pediu-lhe perdão por amor de Deus em seu nome e no dos monges.
—1 Celano 7.16
Os irmãos cuidem uns aos outros
Os irmãos, em toda a parte e quando se encontram, mostrem-se familiares uns aos outros. E, confiantes, manifestem um ao outro sua necessidade. Pois, se a mãe nutre e ama o seu filho carnal, com quanto maior diligência não deve cada um amar e nutrir seu Irmão espiritual? E, se um Irmão cair enfermo, os outros Irmãos devem servi-lo como quereriam ser servidos. --Regra Bulada, Capítulo VI.8-10
Clara sobre os cuidados das irmãs doentes
Ofereça-se o maior cuidado e diligência às enfermas. As doentes devem ser atendidas gentil e solicitamente em um espírito de caridade, de acordo com o que é possível e apropriado, tanto nos alimentos que a sua doença exige como também em outras coisas necessárias. Aquelas que estão doentes devem ter seu próprio lugar, se isso é possível, onde elas podem permanecer separados das saudáveis, para que seu bem-estar e silêncio não sejam perturbados ou dissipados. Aquelas que não estão sobrecarregadas com uma doença muito séria podem deitar-se em paletes de palha e ter um travesseiro de penas. Mas aquelas que estão graves podem deitar-se sobre colchões, se eles podem ser convenientemente encontrados. Mas todos os doentes podem ter chinelos de lã solados se for possível. Esses elas podem guardar e usar, quando for necessário.
—Citado em Cardeal Hugolino, Forma e maneira de vida de Santa Clara (1219).
Uma Leitura de Os Princípios
Dia Oito – O Segundo Propósito (continuação)
Os terciários e as terciárias lutam contra a injustiça, em nome de Cristo, para quem não poderá haver grego nem judeu, escravo nem livre, homem nem mulher; pois nele todos são um. Seu principal propósito é refletir aquela aceitação a todos que foi característica de Jesus. Isto pode ser conseguido através de um espírito de castidade que vê a todos os outros pertencendo ao mesmo Deus e não como meio de realização pessoal.
Explorando mais a fundo:
O Segundo Objetivo
Os Franciscanos da Terceira Ordem na Comunhão Anglicana têm três objetivos derivados dos exemplos de São Francisco e Santa Clara. Na lição 8, consideramos o primeiro objetivo, que nosso Senhor seja conhecido e amado em todos os lugares. Aqui, exploramos o segundo objetivo de espalhar o espírito de amor e harmonia.
O segundo objetivo flui naturalmente do primeiro. Uma vez que percebemos o amor, o amor de Deus e do próximo, não nos encerramos em nós mesmos, como se a única maneira de apreciar o amor fosse guardá-lo. Não, conservar o amor, como se fosse de suprimento limitado, faz com que ele diminua e nós o perdemos. O mistério do amor é que quanto mais é compartilhado e distribuído, mais se expande, dando-nos um suprimento ilimitado. Como terciários, somos chamados a esticar além de nós mesmos, além da nossa vida pessoal para a vida maior de Cristo. O amor, em todas as suas manifestações, é o alcance final além de nós mesmos. O padre anglicano Spencer Reece expressa a verdade do amor quando diz: "Tudo o que sei é que quanto mais ele me amou, mais eu amei o mundo".
O amor de Deus, o amor de si, o amor da família e dos amigos, o amor à comunidade, abre nossos corações para espalhar o amor cada vez mais e mais a fundo. O amor é muito mais do que a noção de amor romântico ou familiar que se concentra no amado para a exclusão dos outros. Não, o amor exige ser mais. Ele exige ser expresso além do objeto imediato do nosso amor, ele está sempre esticando, nos chamando para fora de nossas zonas de conforto para espalhar sua energia aqui e ali e em todos os lugares. E o que é essa energia? Deus. Pense no semeador que espalha a semente generosamente, aleatoriamente, radicalmente. E cresce, mas não sabemos como. Não é nada menos que o milagre de Deus-em-nós, ansiando ser libertado no mundo, expandindo assim o reinado de Deus. Essa é a vontade de Deus: o amor espalhado infinitamente.
Amar é agir para o bem de outro. Significa olhar nossa própria dor para que possamos aliviar a dor infligida nas vítimas de preconceitos sociais, desigualdades econômicas e discriminação legal. Significa reconhecer, primeiro, a nossa parte em tais sistemas sociais. Significa trabalhar para que "fique plano o caminho acidentado e reto, o tortuoso (Is 40,4-5) para que os pobres, os marginalizados e os estranhos entre nós sejam recebidos com corações abertos. Temos um imperativo bíblico para invocar a injustiça onde quer que a vejamos - nos nossos governos, nas nossas igrejas, nas nossas comunidades e nos nossos locais de trabalho - e trabalhar para corrigir estas injustiças. O profeta Miquéias lembra-nos que "já te foi indicado, ó homem, o que é bom, o que o SENHOR exige de ti. É só praticar o direito, amar a misericórdia e caminhar humildemente com teu Deus" (Mq 6.8)
Mas o que é justiça? No reino de Deus, a justiça difunde amor e harmonia, busca a reconciliação. É onde são humilhados os que tem planos orgulhosos no coração, derrubados os poderosos de seus tronos e exaltados os humildes, enchidos de bens os famintos, e mandados embora os ricos de mãos vazias (Lucas 1,51-53). A justiça pratica as obras de misericórdia (veja abaixo). Como franciscanos, devemos falar pelos que não têm voz, mas não só para os pobres, o estranho e o estrangeiro; mas também para toda a ordem criada. Nossos irmãos e irmãs - os animais, as plantas e os peixes - dependem de nós para pôr fim à destruição e o desperdício atuais de suas casas. Essas criaturas pertencem tanto à nossa família como os sem-teto, os refugiados e os marginalizados.
Sobre a castidade
Os Princípios nos dizem que nosso amor pelos outros e nosso trabalho em seu favor devem basear-se em um espírito de castidade "que vê os outros como pertencentes a Deus e não como um meio de auto-realização." A castidade não tem a ver com o sexo, mas com respeitar fronteiras físicas, emocionais, intelectuais e espirituais.
Os limites pessoais são um elemento-chave da identidade. Os limites físicos respeitam o espaço pessoal e formas apropriadas de tocar. Os emocionais estabelecem limites aos sentimentos e à sua expressão adequada. Os limites intelectuais nos ajudam a avaliar novas informações e sua apropriação. Os limites espirituais respeitam a integridade e a privacidade do relacionamento de outro com Deus.
A falta de reconhecimento desses limites viola a castidade. Ver os outros como objetos para uso ou benefício viola a castidade. Prejudicar os outros por qualquer motivo (raça, gênero, orientação sexual, por exemplo) viola a castidade. Qualquer forma de desumanização ou opressão, ou de apoio a isso, viola a castidade. O jesuíta Greg Boyle fala assim: "Quando buscamos ‘salvar’ e ‘contribuir’ e ‘devolver’ e ‘resgatar’ pessoas e até ‘fazer a diferença,’ então tudo é você ... e o mundo permanece preso .... Não se proponha mudar o mundo. Proponha perguntar como as pessoas estão" (Barking to the Choir, p. 174). A castidade nos chama a ser de coração aberto, arriscar e exercer integridade total em todos os nossos relacionamentos. Quando abraçamos o espírito de castidade, permitimos que Deus nos ame e espalhe esse amor aos outros.
Ação ministerial: as obras de misericórdia corporais
Nota: quando foi perguntada sobre como viver o evangelho, Dorothy Day respondeu: "Fique perto dos pobres." Ela não disse "resgatar" ou "salvar" ou "ajudar" os pobres. São Francisco e Santa Clara viveram pobreza. As seguintes sugestões são para promover relacionamentos mútuos com os pobres, para nos ajudar a ser proximais, a ouvir e a abrir nossos corações.
Alimentar os famintos
A fome está em toda parte. Pessoas de todo o mundo, perto e longe, estão sem comida. Considere como a boa administração de seus próprios hábitos alimentares pode beneficiar outras pessoas com fome. Evite o desperdício e compartilhe o que tem. Convide alguém com fome a sua mesa.
Dar de beber ao sedento
Nossos irmãos e irmãs em todo o mundo não tem acesso a água limpa. Demande agua limpa, especialmente a restauração de águas poluídas, a construção de poços e bons sistemas de agua.
Cuide a Sor Água. Limite o elimine o uso de produtos que a prejudiquem e reduza o uso de material que polui. Tente não desperdiçar água. Limite o banho, desligue a torneira ao escovar os dentes ou lavar louça, plante plantas nativas no seu jardim que precisem da água que a natureza fornece na sua região.
Abrigar os sem-teto
Há muitas circunstâncias que podem levar alguém a tornar-se uma pessoa sem casa. Saia e conheça os desabrigados em sua área, caminhe solidariamente com eles e afirme o seu valor.
Apoie instituições sociais que contribuam à falta de moradia. Procure maneiras de fornecer abrigo para os sem-abrigo localmente, regionalmente, nacionalmente ou internacionalmente.
Visitar os doentes
Os doentes são muitas vezes esquecidos ou evitados, agravando sua doença com a solidão. Tire um tempo para visitar os enfermos, especialmente os idosos.
Doe sangue, se possível.
Ofereça descanso aos cuidadores de membros de família cronicamente doentes. Dê-lhes tempo livre de suas responsabilidades de cuidar para que possam descansar, completar tarefas pessoais ou aproveitar uma pausa relaxante.
Leve uma refeição para uma família que tenha um doente amado em casa.
Visitar os prisioneiros
As pessoas encarceradas ainda são pessoas, feitas à imagem e semelhança de Deus, que merecem companheirismo.
Faça parte de um ministério de prisão que visite e ofereça amizade aos prisioneiros ou a suas famílias.
Enterrar os mortos
Os funerais nos dão a oportunidade de compartilhar o luto de outros durante tempos difíceis. Planeje seu próprio funeral, cite leituras, música e orações que você deseja usar, e dê uma cópia para um ente querido que vá sobreviver e possa depois se relacionar com você.
Envie um cartão ou leve uma refeição a alguém que recentemente perdeu um ser querido.
Ore por aqueles que morreram sem nome e por aqueles que não têm quem chore pela morte deles.
Dar esmolas aos pobres
Doe tempo e/ou dinheiro para organizações que oferecem suporte e serviços para os carentes. Procure organizações que colocam as pessoas com necessidades em primeiro lugar, em vez de lucro ou despesas gerais.
Imite os Mormons. Jejue um domingo por mês e doe o dinheiro salvo para uma instituição de caridade.
Leve vales de comida ou roupas no seu bolso para dar aos pobres que você encontra na rua.
Para Reflexão:
1.Pense em um momento em que você mudou de idéia sobre algo ou alguém. O que causou a mudança?
2.Tendo estudado esta lição, como suas opiniões sobre a castidade mudaram? Nas suas próprias palavras, como você poderia defini-la agora?
3.Escolha uma obra de misericórdia que seja nova para você e participe de sua prática. Descreva como a experiência lhe mudou.
Personalize sua Regra
Depois de lidar com esta lição, quais mudanças ou adições você pode fazer para 3. O Segundo Objetivo, espalhar o espírito de amor e harmonia, da Regra Básica da Vida (ou 2. Penitência se você estiver vivendo pela regra tradicional de 9 pontos) para torná-lo mais adequado às suas circunstâncias particulares? O que você precisa fazer para espalhar o espírito de amor e harmonia? Discuta com seu companheiro espiritual.
Que maravilha são estes princípios, eu gostaria de fazer parte dessa organização.
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