domingo, 16 de dezembro de 2018

Notas de Formação - Lição 12

Notas de Formação
Terceira Ordem da Sociedade de São Francisco de Assis (TSSF)
Região do Brasil - TSSF Brasil

A série Notas de Formação destina-se aos formandos da TSSF para estimular a conversação e a reflexão entre os companheiros de formação, seja em grupo ou individualmente com um companheiro espiritual ou sacerdote. Para obter o máximo dessas Notas, mês-a-mês, aconselhamos anotar suas reflexões pessoais em um diário.

Nesta postagem no blog Claras e Franciscos segue a Lição 12
Desejamos a todos e todas uma boa leitura.


Lição 12: Personalizando a Regra Básica da Vida:
Dos Princípios: 5. A Primeira Forma de Serviço:
Oração/Eucaristia (Dia 15)

O que há neste estudo?
Exploramos mais a fundo a área da oração, a Eucaristia, que se encontra na Primeira Forma de Serviço no Dia 15. Veremos como a Eucaristia tem significado para nossa vida em comunidade e pessoalmente. 
  
Para começar a explorar:
1.    O que é a Eucaristia para você? É uma fonte de força e consolo? Em caso afirmativo, como? Caso contrário, o que é para você pessoalmente?
 2.    A liturgia tem muitos nomes: Santa Eucaristia, Ceia do Senhor e Santa Comunhão, bem como a Liturgia Divina, a Missa e a Oferta Grande. Que nome você usa e por quê? O que os diferentes nomes significam para você?
 3.    No dia 15 dos Princípios, lemos que "o coração de nossa oração como terciários é a Eucaristia". O que isso significa para você? Você sente a Eucaristia como o coração da sua oração? Você o experimenta como o coração da comunidade? Explicar.

Da Regra Básica para Postulantes

5. A Primeira Forma de Serviço: Oração (Dias 13-16)
    A oração é meu relacionamento com Deus. Isso me permite ficar diante de Deus como eu sou, nada mais e nada menos. Portanto, eu dedicarei pelo menos 20 minutos diariamente em oração, para ouvir, louvar, concentrar-me e ser inspirado.
    Valorizarei a intimidade com Deus e minha comunidade paroquial participando da Santa Eucaristia pelo menos semanalmente e nos principais dias da feriado.
    Vou praticar o auto-exame diário. Anualmente, usarei um Rito de Reconciliação para ajudar a aliviar o fardo do pecado e restaurar a paz e a esperança.



Aprendendo com as Fontes Franciscanas

O corpo do Senhor
Atesta-o pessoalmente o Altíssimo "Este é o meu corpo e o sangue da nova Aliança"; e: "Quem comer a minha carne e beber o meu sangue terá a vida eterna" Por isso é o Espírito do Senhor, que habita nos seus fiéis, quem recebe o santíssimo corpo e sangue do Senhor. (…) Portanto, “ó filhos dos homens, até quando tereis duro o coração?” Por que não reconheceis a verdade nem credes no Filho de Deus? Eis que Ele se humilha todos os dias; tal como na hora em que, descendo do seu trono real” para o seio da Virgem, vem diariamente a nós sob aparência humilde; todos os dias desce do seio do Pai sobre o altar, nas mãos do sacerdote.
E como apareceu aos santos apóstolos em verdadeira carne, também ma nós se nos mostra hoje no pão sagrado. E do mesmo modo que eles, enxergando sua carne, não viam senão sua carne, contemplando-o contudo com seus olhos espirituais creram nele como no seu Senhor e Deus, assim também nós, vendo o pão e o vinho com os nossos olhos corporais, olhemos e creiamos firmemente que está presente o santíssimo corpo e sangue vivo e verdadeiro. E desse modo o Senhor está sempre com os seus fiéis, conforme Ele mesmo diz: Eis que estou convosco até a consumação dos séculos.                                   
São Francisco, Os Escritos sem Data: AAdmoestações 1:10-12, 14-22

Fervor de Francisco pela Eucaristia
O sacramento do Corpo do Senhor inflamava-o de amor até ao mais íntimo do coração: pasmava de admiração perante uma misericórdia tão amante e um amor tão misericordioso. Comungava com frequência e com uma devoção irradiante que contagiava quem o ouvia. Ao saborear o Cordeiro Imaculado, como inebriado, era muitas vezes arrebatado em êxtase.        —São Boaventura, Legenda Maior IX, 2, 4-5

O milagre da multiplicação dos pães
Numa altura em que a fome começava a dar cuidados, havia um só pão no mosteiro à hora da refeição. A santa chamou a irmã despenseira e mandou-lhe que partisse o pão. Uma metade era para os irmãos e a outra metade ficaria para as irmãs. Desta metade, mandou a santa cortar cinquenta pedaços, tantos quantas as irmãs e mandou que os distribuísse pela mesa da pobreza. Admirada, a irmã despenseira foi comentando que seriam necessários os antigos milagres de Cristo para conseguir cinquenta pedaços de quantia tão diminuta. Ao que a santa respondeu: Filha, faz o que te digo confiadamente. Começando a irmã a executar a ordem, começou a mãe a dirigir ao seu Senhor Jesus Cristo fervorosas súplicas em favor das filhas. Eis quando, por divina generosidade, começou a crescer o pão nas mãos da irmã que o cortava. Assim cada uma das irmãs recebeu uma porção abundante.
Celano, Legenda de Santa Clara, 15
Uma Leitura de os Princípios
Dia Quinze – A Primeira Forma de Serviço (continuação)
O centro da oração dos terciários é a Eucaristia, na qual participam com outros cristãos da renovação dessa sua união com seu Senhor e Salvador em seu sacrifício, lembrando sua morte e recebendo dele o alimento espiritual.

Explorando mais a fundo: A Eucaristia

Francisco e Clara mostraram uma devoção ou ardor quase heróico para a Eucaristia, apesar das muitas falhas da igreja durante seu tempo, no início dos 1200. Às vezes, podemos experimentar tal ardor, às vezes podemos experimentar a  rotina árida, e às vezes podemos experimentar a humildade de estarmos presentes apenas por obediência. Isso importa? O que é importante para nós como franciscanos que colocam a Eucaristia no cerne da nossa oração? Trêmotivos seguem.

1.Compromisso. Participar da Eucaristia, queiramos ou não, sejamos inspirados ou nãoé uma expressão de compromisso com Deus e com a Comunidade. O próprio ato de comparecer nos leva à comunhão com Deus, a igreja universal e local e os companheiros terciários. Nosso compromisso nos manterá e nos levará enquanto cresçamos e amadurecemos em uma postura mais dedicada.

2.  Comunidade. Um verdadeiro compromisso religioso é feito dentro e para uma comunidade. Nãé um esforço solitário. Mesmo os anacoretas, pessoas vivendo vidas solitárias, sabem disso. Alguém perguntou uma vez a Thomas Merton, que morava como solitário no mosteiro de Gesthemane, no estado do Kentucky, Estados Unidos, como ele justificou virar as costas para o resto da humanidade vivendo sozinho. “Fácil,” respondeu Merton. “Nunca estou mais perto de todas as pessoas do mundo enquanto estou em meditação e oração com elas.”

3. Pessoal. Este é o nível no qual se pode dizer que se é devoto ou tem fé. O filósofo espanhol do início do século XX, Miguel de Unamuno, definiu a fé dessa maneira: a fé nãé crer no que nunca vimos, mas sim criar o que não podemos ver. Esta definição nos dá um papel a desempenhar, é mais do que um recebimento passivo de lo sagrado, é um feito ativa no recebimento. É um ato criativo que brota de dentro, tornando-nos co-criadores do que é real. Chegamos ante Deus sabendo que Deus está presente, que Deus está atuando em nossos corações, que Deus ama cada um de nós.




O sacramento
A Eucaristia, conhecida também como Ceia do Senhor, Sagrada Comunhão, Divina Liturgia, Missa, é um dos dois principais sacramentos da Igreja, sendo o outro o Santo Batismo. Estes dois Sacramentos são considerados como ordenados por Cristo ("sacramentos do Evangelho") e como necessários para a salvação. Nosso catecismo anglicano define um sacramento como "um sinal exterior e visível de uma graça interior e espiritual". O signo exterior e visível da Eucaristia é o pão e o vinho; E a graça interior e espiritual é o Corpo e o Sangue de Cristo dados a nós e recebidos pela fé.
No evangelho de Mateus 26:26, nós aprendemos como a Eucaristia foi instituída por Jesus.
E, enquanto comiam, Jesus tomou pão, abençoou e partiu, e entregou aos                     discípulos e disse: “Tomem e comam; Este é o meu corpo.

Esta descrição revela um padrão de quatro movimentos que Jesus realizou ao alimentar o povo, na Última Ceia e ao alimentar as multidões: ele tomou, abençoou, quebrou e deu. Como esse padrão externo e visível pode ajudar a revelar a graça interior do amor de Deus atuando em nossas vidas individuais?

Uma História
Foi Quinta-feira Santa na pequena cidade de Sombrio, Santa Catarina, na costa do Brasil. A igreja estava lotada além da capacidade, com multidões em pé nos corredores e ao longo das paredes, incluindo uma velha que lutava para permanecer ereta. Ao convite do padre, a multidão avançou na direção do altar para receber o sacramento. Em horror, a velha desapareceu sob a enorme onda da humanidade. De repente, do nada, uma mão apareceu e tomou o braço da mulher. Era como se o Espírito, em meio a tanta confusão, a tivesse escolhido para uma bênção especial, enviando um anjo para sustentá-la. O protetor de alguma forma quebrou a prisão de braços e pernas ao tempo suficiente para dar sua companheira ao abraço carinhoso da Santa Madre Igreja e desapareceu.

Refletir
Considere as palavras de Teresa de Ávila (1515-1582),
“Cristo não tem corpo na terra agora se não o teu;
não tem mãos se não as tuas.
não tem pés se não os teus;
teus são os olhos com os quais Cristo olha este mundo com compaixão;
teus são os pés com os quais Ele se move para fazer o bem,;
tuas são as mãos com os quais Ele há de abençoar-nos agora.”

Imagine ou lembre-se de um momento da sua vida que reúna os quatro movimentos da Eucaristia: tomar, abençoar quebrar, dar. Compartilhe sua história.

Ação Ministerial: na Igreja e no Mundo
Jesus tomou
Na Eucaristia, Jesus nos toma um por um, tal e como somos, e nos faz Um, o Corpo de Cristo, como um sinal de que Deus nos ama apaixonadamente e inquestionavelmente. Nós trazemos nossos presentes e talentos individuais à mesa; Jesus vê a nossa intenção de servir e leva a nossa oferta para o uso de Deus: realizar e prosperar o que Deus propôs.
            Aja:
Tome o braço de um ancião e ajude-o no altar para a comunhão.
Tome café ou chá e converse com alguém triste ou solitário.

Jesus abençoou
Como Jesus deu graças e abençoou o pão e o vinho, assim Cristo abençoa cada um de nós. Cristo abençoa nossa resposta ao chamado de Deus e nossa vontade de seguir Jesus e amar a Deus e aos outros. Deus dá graças por cada um de nós, porque a obra de Deus é realizada na Terra através de nós: somos o Corpo de Deus, são nossos corpos, nossas mãos e pés, que levam o amor de Deus ao mundo.
Aja:
    Abençoe a pessoa ao seu lado no altar para a comunhão, colocando a mão nas costas dele durante a recepção.
    Abençoe alguém triste ou solitário com palavras de bondade, expresse sua gratidão por uma qualidade que ele ou ela tenha.
 Jesus quebrou
            A Madre Teresa orou para que Deus quebrasse seu coração de tal maneira que o mundo inteiro pudesse cair dentro. Em nosso compromisso com Deus, oferecemos nossos corações de pedra para ser convertidos em corações de carne. Nesse processo de abrir o nosso egoísmo, o que é rígido e quebrado em nós é tornado suave e inteiro. Dia a dia, às vezes quase imperceptivelmente, às vezes em um instante aparente, nos tornamos abertos às possibilidades que existem para nós através do amor de Deus.
Aja:
Quebre sua rotina na igreja e sente-se em algum lugar novo. Isso permitirá que você compartilhe a comunhão no altar com um grupo diferente.
Quebre seu coração com alguém triste ou solitário ouvindo sua história sem julgamento ou tentativas de consertá-lo.
Jesus deu
Jesus nos dá, a comunidade amada, ao mundo quebrado para fazer o trabalho que nos é pedido, seja grande ou comum, importante ou servil, óbvio ou sutil. Não importa. O que importa é que, uma vez que nos abrimos para o amor de Deus, nos tornamos esse amor no trabalho no mundo. O bispo Michael Curry, o primado de TEC, nos pede para perguntar com honestidade de nós mesmos, se nossas ações estão baseadas no amor. Caso que sim, estamos promovendo o reinado de Deus. Nós somos instrumentos de paz de Deus.
Aja:
  Dê uma expressão de bondade a alguém despercebido em sua comunidade da igreja.
  Dê a alguém triste ou solitário um sinal de amor, algo que ele ou ela pode carregar e lembre-se de que ele ou ela é amado, uma pedra, uma folha, um abraço.

Contemplação e Ação
Ao participar da Eucaristia, use uma das seguintes como oração de meditação no momento da santa comunhão. Depois, reflita sobre como a oração impactou sua experiência de adoração; E como isso pode influenciar suas ações ao longo da semana do cotidiano.
1.     Que a força de teu amor, ó Senhor, doce e ardente, me arrebate longe de todas as coisas que estão debaixo do céu, para que eu morra por amor de teu amor, como tu te dignaste morrer por amor de meu amor. (O Absorbeat atribuído a São Francisco)
2.     Nós nos tornamos o que amamos, e quem amamos forma o que nos tornamos ... devemos nos tornar vasos do amor compassivo de Deus para os outros. (Ilia Delio  inspirado pelos escritos da Santa Clara de Assis)
3.     Senhor, eu não sou digno de que entreis em minha morada, mas dizei uma palavra e seu servo será curado. (Baseado em Mateus 8:8)

Personalize sua regra
Depois de lutar com esta lição, o que mudanças ou acréscimos você pode fazer para 5. A Primeira Forma de Serviço, Oração, da Regra Básica da Vida (veja pagina 2. acima; ou para 1. Eucaristia se você está vivendo pela regra tradicional de 9 pontos) para torná-la mais adequado às suas circunstâncias particulares? O que você precisa fazer para nutrir a Eucaristia em sua vida? Discuta com seu companheiro espiritual.