sábado, 25 de fevereiro de 2017

Notas de Formação – Lição 2

Nesta postagem no blog Claras e Franciscos segue a Lição 2. 
Desejamos a todos e todas uma boa leitura.

Notas de Formação – Lição 2
O Companheiro Espiritual
O que há neste estudo?
Exploraremos como o ideal francisclariano é alcançado apenas em comunidade e com o apoio de uma companheira espiritual, alguém que se identifique com a sua vocação, que não o julgue pelas suas lutas e o encoraje ao longo do caminho.

Para começar a explorar
1.Você tem atualmente um companheiro espiritual? Caso afirmativo, dar um exemplo de algo que ele ou ela ajudou você a entender, algo que a oração ou o estudo sozinho não iluminaram completamente. Caso que não, você vai buscar logo?
2. O que você espera do relacionamento com sua companheira espiritual?
3. Santo Aelred disse: "Aquele que permanece na 'amizade' permanece em Deus, e Deus nele" (1 João 4:16 parafraseado). Como pode manter o seu relacionamento centrado em Cristo?

Aprendendo com as Fontes Franciscanas
Da Forma de Vida
E depois que o Senhor me deu Irmãos, ninguém me mostrou o que deveria fazer, mas o próprio Altíssimo me revelou que eu deveria viver segundo a forma do Santo Evangelho.
Testamento
Da Correção
Bem-aventurado o servo que suporta advertência, acusação e repreensão de outro tão pacientemente como de si mesmo. Bem-aventurado o servo que, na repreensão, benignamente aquiesce, com reverência obedece, com humildade se confessa e da boa vontade a satisfaz.
As Admoestações de São Francisco, 22

Como S. Francisco recebeu o conselho de S. Clara e do Frei Silvestre
O humilde servo de Cristo S. Francisco, pouco tempo depois de sua conversão, tendo já reunido e recebido na Ordem muitos companheiros, entrou a pensar muito e ficou em dúvida sobre o que devia fazer, se somente entregar-se à oração, ou bem a pregar algumas vezes: e sobre isso desejava muito saber a vontade de Deus.
E porque a humildade que tinha não o deixava presumir de si nem de suas orações, pensou de conhecer a vontade divina por meio das orações dos outros.
Pelo que chamou Frei Masseo e disse-lhe assim: "Vai a Soror Clara e dize-lhe da minha parte que ela com algumas das mais espirituais companheiras rogue devotadamente a Deus seja de seu agrado mostrar-me o que mais me convém: se me dedicar à pregação ou somente à oração. E depois vai a Frei Silvestre e dize-lhe o mesmo".
Foi Frei Masseo, e conforme a ordem de S. Francisco, deu conta da embaixada primeiramente a S. Clara e depois a Frei Silvestre. O qual, logo que a recebeu, imediatamente se pôs em oração e, rezando, obteve a resposta divina, e voltou a Frei Masseo e disse-lhe assim: "Isto disse Deus para dizeres ao irmão Francisco: que Deus não o chamou a este estado somente para si; mas para que ele obtenha fruto das almas e que muitos por ele sejam salvos".

Obtida esta resposta, Frei Masseo voltou a S. Clara para saber o que ela tinha conseguido de Deus; e respondeu que ela e outra companheira tinham obtido de Deus a mesma resposta que tivera Frei Silvestre. Com isto tornou Frei Masseo a S. Francisco; e S. Francisco o recebeu com
grandíssima caridade e perguntou-lhe: "Que é que ordena que eu faça o meu Senhor Jesus Cristo?" Respondeu Frei Masseo: "Tanto a Frei Silvestre como a Soror Clara e à irmã, Cristo respondeu e revelou que sua vontade é que vás pelo mundo a pregar, porque ele não te escolheu para ti somente, mas ainda para a salvação dos outros".
E então S. Francisco, ouvindo aquela resposta e conhecendo por ela a vontade de Cristo, levantou-se com grandíssimo fervor e disse: "Vamos em nome de Deus".
Florezinhas 16

Uma Leitura de os Princípios
Dia Vinte e Seis – A Segunda Nota (continuação)
Portanto, nós ansiamos por amar a todos a quem estão ligados por laços de família ou amizade. Seu amor por eles e elas se desenvolve à medida que seu amor por Cristo se aprofunda.
Nós temos um amor e uma afeição especiais para com os demais membros da erceira Ordem, orando uns pelos outros individualmente e buscando crescer nesse amor. Nós estamos de guarda contra qualquer coisa que possa prejudicar este amor, e nós procuramos a reconciliação com aqueles de quem nós estamos separados. Nós buscamos ter o mesmo amor para com aqueles com quem temos pouca afinidade natural, pois este tipo de amor não se firma na emoção, mas é um elo firmado em sua própria união comum com Cristo.

Explorando mais profundamente: O Companheirismo Espiritual
Por que você precisa de uma Companheira Espiritual?
Para seguir Jesus, praticar uma disciplina Francisclariana, amar a Deus e a nossos vizinhos cordialmente, precisamos de um apoio, de um amigo, de restaurador de perspectiva, em resumo, de um guia.
O companheirismo espiritual tem que envolver toda nossa vida: nossas relações em nossas famílias e comunidades como também nossas relações com Deus em oração e ação. Uma companheira espiritual nos ajuda a nos ver como Deus nos vê, com nosso potencial ou forças e fraquezas, e a vermos o mundo e nossos irmãos e irmãs como Deus os vê, com necessidades físicas e espirituais.
Para companheiro, escolha alguém com quem você pode se encontrar regularmente, e que pode ser objetivo com você. Escolha alguém cujas sugestões você considerará seriamente quando elas conflitarem com as suas próprias. Lembre-se de que há muitos homens e mulheres leigos pensadores e devotos que podem servir como Companheiros Espirituais; eles não precisam ser clérigos. Sua companheira precisa saber o que você está tentando fazer e que ferramentas espirituais você usa na tarefa. Ele ou ela também precisa saber sua situação de vida, que demandas você tem e quais suas responsabilidades.

Um Companheiro Espiritual é alguém que é:
um apoio e companheira no caminho.
às vezes uma caixa de ressonância.
às vezes um catalisador, acelerando ou reduzindo a velocidade de reações, ajudando a nos transformar na pessoa que Deus quer que sejamos.
às vezes um guia, nos dirigindo pela névoa de nossas emoções, de nossa depressão, de nossa visão.
às vezes uma pedra de toque que testa nossas motivações ou intenções.
às vezes uma força que nos acalma, restabelecendo nosso equilíbrio quando problemas pessoais ou simplesmente a loucura de um mundo materialista transtorna nosso equilíbrio.

Ao escolher um Companheiro Espiritual, lembre-se de que ele ou ela:
● tem que entender seu compromisso com um Cristianismo radical do modo franciscano, uma vida de oração, disciplina, estudo e trabalho que produz humildade, amor e alegria.
● tem que ter humildade para ouvir e responder; é capaz de ouvir além do que as palavras dizem sem julgamento; não é autócrata.
● tem que ter conhecimento de si mesmo e seu próprio espírito; tem prática pessoal de oração.
● tem reverência para todas as criaturas de Deus e deseja o bem-estar delas e de você.
● tem disciplina de si mesmo e sabe respeitar fronteiras pessoais.

Com que frequência vocês devem se reunir?
Normalmente, uma vez cada mês, mas depende das circunstâncias individuais, trimestralmente pode ser suficiente. Confirmar com seu diretor de formação e sua companheira espiritual o que funciona o melhor para você e sua desenvolvimento no caminho francisclariano. A meta é manter uma relação aberta e saudável com o companheiro espiritual. Se você perceber que está demorando para se reunir com sua companheira espiritual, pergunte-se porquê.

Para Reflexão:
1. Agora, como você vê o relacionamento com sua companheira espiritual?
Que insight você ganhou ao estudar esta lição?
2. O que mais anima você em relação à seu companheiro espiritual? O que mais desafia você?
3. O que as seguintes palavras do cisterciense Thomas Merton significam para você? "O guia espiritual vale o seu sal se conduzir uma campanha determinada contra todas as formas de ilusão que se levantam da ambição espiritual e da autocomplacência que apontam para estabelecer o ego em glória espiritual." (Zen e os Pássaros do Desejo)

Notas para sua Companheira Espiritual
Conforme com a Constituição da TSSF, seção 4.1.a: Cada membro da Terceira Ordem deve ter um Companheiro Espiritual, que normalmente tem a seu vez o seu próprio Companheira Espiritual e aceita os ‘Princípios’ como a base da direção.
Os Companheiros Espirituais de terciário/as podem ter treinamento formal e longa experiência em direção ou nenhuma; eles podem ser clérigos, membros de ordens religiosas ou leigos. Onde quer que você esteja no largo espectro da direção, agradecemos sua vontade de ajudar. Sem companheirismo, todos corremos risco da autodesilusão e caímos na vala da jornada espiritual. Não há nada tão importante para nossa saúde espiritual como uma boa Companheira Espiritual. (De Um Guia Franciscano para Diretor Espiritual, TSSF, Província das Américas, Rev. Robert Goode, 1991. Revisado de 2000.)

Fundamentos para o Companheiro Espiritual se lembrar:
O companheirismo espiritual não é igual ao aconselhamento pastoral. Serve para ajudar um indivíduo a reconhecer e desenvolver uma relação pessoal mais profunda com Deus.
● Tudo o que é dito durante a companheirismo é confidencial e não deve ser compartilhado fora da relação.
● Manter o tempo com seu formando focalizado na direção mais do que em uma conversação casual é especialmente importante se seu dirigido também for seu amigo. Fixar e manter um tempo específico para começar e terminar o encontro e manter isto pode ajudar em guardar à parte o tempo social. (Uma hora normalmente é o mais correto.)
● Tudo na vida de seu formando refletirá sua relação com Deus. A vida religiosa de uma pessoa não é algo que possa ser separado da sua vida do dia-a-dia. Em geral, se as relações pessoais da pessoa estão fora de controle, assim será a relação da pessoa com Deus.
● Comece fazendo algumas perguntas. Como seu formando veio a procurar companheirismo espiritual? Como é a sua vida de oração? O que espera o seu formando da relação de direção? (Quais são suas próprias expectativas?)
● Você não tem que compartilhar a mesma espiritualidade para dirigir alguém, mas, se você se acha incapaz de se relacionar com a pessoa ou se sente incômodo, você pode sugerir que a pessoa procure outra companheira.
● Às vezes, o que não é dito é mais revelador do que o que é dito. Esteja atento quando assuntos estiverem sendo evitados, e não tenha nenhum medo de fazer perguntas pertinentes.
● Começar a sessão com uma oração ou alguns minutos de reflexão silenciosa pode ajudar estabelecer o foco.
● Tente fazer mais escutando do que falando. Compartilhar suas próprias experiências às vezes pode ser útil, mas pode se mostrar intimidante. Isso é algo que você terá que discernir por si mesmo.

* Em breve será publicada a Lição 3


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